É hora de reduzir investimentos
em startups?

Já há alguns meses, as notícias do mercado financeiro pintam um cenário desanimador para as startups em busca de investimento: retração econômica, alta de juros e inflação global têm feito os aportes caírem em 2022.

De acordo com o relatório Inside Venture Capital, da Distrito, em maio deste ano, as startups brasileiras receberam R$ 1,4 bilhão em investimentos em 40 rodadas, total que representa quase metade dos números do mesmo período de 2021.

Em maio do ano passado, foram 74 rodadas e um total de R$ 3,6 bilhões aportados.

Podemos ir além, e não comparar apenas um mês, mas o acumulado dos cinco primeiros meses de 2022, e também é possível constatar uma retração.

De janeiro a maio deste ano, o montante investido em startups foi de R$ 12 bilhões em 282 rodadas, enquanto que em 2021, nessa mesma época, o mercado somava R$ 15 bilhões, em 349 séries.

Analisando os números, é possível dizer que o setor de venture capital está passando por uma crise e é hora de reduzir investimentos em startups?

Não necessariamente.

O comparativo dos números atuais com 2021 é esperado, mas também injusto para se ter uma noção realista da situação do mercado. O patamar alcançado no último ano foi um ponto fora da curva.

Só para se ter noção, em 2019, quando o segmento de startups vivia uma onda já considerada de entusiasmo, foram quase R$ 8,7 bilhões em investimentos entre janeiro e outubro, e 211 rodadas de investimento.

Os dados são de relatório do Transactional Track Record (TTR) e mostram que os valores movimentados nos primeiros cinco meses de 2022 já são superiores aos 10 primeiros meses de 2019.

Ou seja, os números atuais mostram uma desaceleração - já esperada - em comparação a 2021, um ano atípico, mas não no contexto geral. Esse movimento de freio demonstra que o mercado está se reajustando, saindo da euforia para a prudência.

O dinheiro disponível ainda existe, mas os investidores estão mais criteriosos na hora de alocar seus recursos, buscando negócios que demonstrem concretamente que sejam escaláveis e capazes de andar com as próprias pernas.

Com o surgimento, cada vez mais intenso, de novas startups, é esperado que haja uma correção nas valuations dos negócios, já que a demanda por investimento agora é maior do que há três anos.

Para os negócios que querem continuar competitivos no mercado de venture capital, o segredo é simples, mas ao mesmo tempo desafiador: ter foco real em inovação, impacto e sustentabilidade financeira.

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